sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Tan-tan???

Um dia desses eu tava voltando pra casa e percebi que tinha subido uma moça meio fora dos padrões normais no busão que eu estava.

Ela estava meio suja, com roupa velha, cabelo curto todo enrolado (não sei se era por causa da falta de banho ou se ela já tinha nascido assim ao chegar ao mundo), e em pé se apoioando numa cadeira e se segurando pra não cair nas freadas que o motorista dava de supetão pra "acordar" o povo que estava cansado indo pras suas casas.

Ela chamou atenção, não só minha, mas de todos os passageiros, pois falava sozinha e em linguagem incompreensível. Sabe tipo resmungando, não abrindo a boca pra falar direito, com preguiça, arrastado, etc. Não sei se era alguma língua estrangeira, mas eu sei que não era nem japonês, nem inglês, e nem linguagem de Tomé-Açu, minha terra natal :) :)


Falando em gente que fala sozinho, me lembrei do "Tá bola aí". Ele ia todo dia tomar água na torneira que ficava fora do apartamento que morávamos. Um prédio pequeno com 2 andares e 4 apartamentos. Mas, ô maldade que eu e o meu irmão fazia com ele... A gente morava no 2º andar do prédio. E quando ele vinha colocar água na latinha dele pra tomar, a gente jogava pedra, areia, barro pra sujar... coisa de moleque. :) E ele não sabia quem estava jogando e gritava "Tá bola aí" aos ventos. Pelo menos, era isso que a gente entendia ele falar. E acabou virando o "nome" dele.

Bom, voltando ao assunto da moça que falava sozinha. O que mais me chamou atenção, é que ela balbuciava sozinha e vira e mexe ria também, soltava gargalhadas.

Eu não quis muito encará-la pra ela não querer falar algo comigo ou se chegar a mim. Mas o resto da viagem eu estava atenta a essa "marmota" que ela estava fazendo. Parecia que ela falava com alguém, um amigo imaginário na cabeça dela, e conversava altos papos. E ria, e ria, e ria sem parar. Me dava vontade de rir junto. Não rindo de deboche dela. Mas, eu sei que riso contagia, e deu vontade de ficar rindo junto com ela, mesmo sem entender patavina do que ela falava. Me deu vontade de ter poderes especiais, entrar na cabeça dela e saber com quem ela falava e o que ela falava e o que a fazia rir daquele jeito.

Aparentemente, ela era tipo uma "tan-tan", "não regula bem", esses nomes que dão por aí das pessoas fora do comum. Mas pensando bem, tem muita gente aparentemente "normal" mas que não tem essa alegria dentro de si. E vive por dias aparentando "normal", mas com tristeza no coração.

Acho que se me perguntassem se eu queria ser a moça "tan-tan" ou um normal meio triste, preferia estar na pele da moça "tan-tan" e ter uma super alegria dentro de mim. É claro que é melhor ser normal com alegria, mas às vezes, eu sei, é difícil no mundo de hoje ver gente assim.

Enquanto isso, na bat-caverna, vamos todos, nos seus respectivos jeitos e modos, colocar alegria no coração e extravasar. :)

Um grande abraço a todos.

E Deus, obrigado por esta cena, e por todas as coisas que acontecem na minha vida.